Na noite de quinta-feira (30), o jornalista e escritor Zuenir Ventura foi eleito imortal na Academia Brasileira de Letras. O mineiro de 83 anos, mas há muito vivendo no Rio de Janeiro, já havia sido convidado para concorrer a uma cadeira na Academia, mas desistiu “porque das outras vezes meus amigos se candidataram e eu achei que eles mereciam mais do que eu”, como ele mesmo declarou.
Disse também que “suceder Suassuna é uma emoção especial”. Ele dedicou a vitória a Zélia Suassuna, viúva do escritor. “Antes de ser internado, o Suassuna falou para o Gerson Camarotti, grande amigo dele, que pretendia votar em mim”, conta.
Premiado pela ONU, em 2008, como um dos cinco jornalistas que “mais contribuíram para a defesa dos direitos humanos no país nos últimos 30 anos”, Zuenir é especialmente conhecido pelo livro 1968 – o ano que não terminou (Objetiva), de 1988, que já está na 48ª edição e vendeu mais de 400 mil exemplares (ele mesmo foi preso em 1968 pela ditadura militar). Seu livro mais recente, o primeiro de ficção, é o romance memorialístico Sagrada Família (Alfaguara, 2012), finalista do Prêmio Jabuti.
Começou a carreira como arquivista, em 1956. Foi chefe de reportagem da revista O Cruzeiro, chefe de redação da sucursal carioca das revistas Visão, Veja e Isto é, até ser contratado pelo Jornal do Brasil, onde assumiu vários cargos de chefia. Para esse mesmo jornal escreveu, em 1989, a série de reportagens “O Acre de Chico Mendes”, que lhe valeu o Prêmio Esso de Jornalismo e o Prêmio Vladimir Herzog. Em 1994, lançou Cidade partida (Companhia das Letras), um livro-reportagem sobre a violência no Rio de Janeiro, com o qual ganhou o Prêmio Jabuti de Reportagem. Versátil, Zuenir também codirigiu o documentário Um dia qualquer e foi roteirista de Paulinho da Viola: meu tempo é hoje, de Izabel Jaguaribe.
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