Aumento de idosos vai estimular progresso científico, mas há custos políticos

A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que o número de pessoas com 65 anos ou mais chegará a quase um bilhão em 2030. Também a proporção de idosos com mais de 80 anos crescerá a taxas particularmente elevadas: eles serão 200 milhões até 2030. E, devido a uma combinação do envelhecimento da população com o declínio das taxas de natalidade, a estrutura demográfica da maioria dos países vai mudar e o número de crianças e jovens será cada vez menor. 

Mas, de acordo com um relatório recente do laboratório da HSE (Higher School of Economics), na Rússia, o envelhecimento da população pode estimular o progresso científico e, particularmente, da medicina. A longevidade também pode incentivar sociedades que enfrentam escassez da força de trabalho a buscar soluções para melhorar a empregabilidade de pessoas mais velhas.

O relatório cita outros exemplos do “lado bom” do envelhecimento:

– O envelhecimento pode incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias para o trabalho, como a robótica; 

– Os serviços médicos tendem a passar por uma revolução tecnológica, mudando radicalmente a saúde das pessoas. Os esforços também serão voltados para prevenção, já que os cuidados com saúde consomem hoje pelo menos 10% do PIB global; 

– O envelhecimento também tende a promover o desenvolvimento de países periféricos, por meio de maiores gastos com saúde, políticas para a redução da pobreza e uma melhor qualidade de vida.

Medicina vai ter que dar conta do envelhecimento populacional e utilizar de muita tecnologia. Foto: HSE/RU
Medicina vai ter que dar conta do envelhecimento populacional e utilizar muita tecnologia. Foto: HSE/RU

Tensões entre gerações podem ser ruins para a democracia

O confronto entre gerações no mercado de trabalho e o enfraquecimento da democracia são os principais riscos associados com a expectativa de vida mais longa. Segundo o estudo, uma menor proporção de jovens na sociedade pode levar à predominância de eleitores da ‘terceira idade’.

Com essa mudança no perfil do eleitor, políticos terão de adaptar suas mensagens para eleitores mais velhos e talvez mais conservadores. De acordo com os pesquisadores, “a democracia pode se transformar em uma forma de gerontocracia que pode ser difícil de superar”.

A tendência para a “gerontocracia”, diz o relatório, tem sido particularmente visível na Europa Ocidental e nos Estados Unidos (EUA), onde as tradições democráticas são mais fortes. Nessas regiões, os desequilíbrios culturais estão cada vez mais visíveis. Os EUA, por exemplo, podem enfrentar confronto entre latinos mais jovens e populações brancas mais velhas; e, na Europa, podem haver tensões entre antigos cristãos brancos e muçulmanos mais jovens. A globalização irá inevitavelmente causar conflitos e os desafios serão globais, conclui o relatório.

Competição entre gerações no mercado de trabalho é outro risco potencial. Com o aumento da idade para se conseguir uma aposentadoria, trabalhadores mais velhos vão ocupar postos por mais tempo -uma situação que poderá dificultar a carreira de pessoas mais jovens.


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