Como a atividade física pode ser uma aliada no tratamento do câncer

A ciência já demonstrou, em diversos estudos, que o sedentarismo e a obesidade contribuem para o desenvolvimento de tumores. Embora o mecanismo não esteja totalmente descrito, a combinação dessas duas características é considerada fator de risco para o câncer de mama, de endométrio e de próstata, por exemplo.

Também há pesquisas que demonstraram ser o exercício um elemento chave para prevenir o surgimento de neoplasias. Ainda, outros estudos mostram que a a atividade física melhora a qualidade de vida de pacientes.  Com tantas evidências, só faltava a ciência olhar mais de perto um aspecto: se o exercício pode ter impacto em quem já foi acometido pela doença. É exatamente isso que um extenso estudo da Universidade de Montreal quer entender.

Alfred Roberts, 70, pratica hockey duas vezes por semana. Há 3 anos, ele luta contra um câncer de próstata avançado, que espalhou para os seus ossos. "Eu sempre fui ativo.  O hockey me mantém em forma e tira a minha mente de outras coisas. Eu tenho amigos que jogaram até os 80 e a minha meta é ultrapassá-los”, disse Roberts, em entrevista à Universidade de Montreal. Foto: Anick Roberts/Divulgação
Alfred Roberts, 70, pratica hockey duas vezes por semana. Há 3 anos, ele luta contra um câncer de próstata avançado, que espalhou para os seus ossos. “Eu sempre fui ativo. O hockey me mantém em forma e tira a minha mente de outras coisas. Eu tenho amigos que jogaram até os 80 e a minha meta é ultrapassá-los”, disse Roberts, em entrevista à Universidade de Montreal. Foto: Anick Roberts/Divulgação

O urologista e oncologista Fred Saad, que é pesquisador do Centro de Pesquisa em Oncologia da Universidade de Montreal, quer entender se a prática de atividade física exerce uma influência direta no câncer de próstata –a ponto de ser tão efetiva quanto o tratamento medicamentoso. 

No consultório, Saad já vê que pacientes com metástase, por exemplo, tendem a ficar sedentários. Segundo ele, também é conhecido que o sedentarismo tende a afetar a progressão do câncer.  

O Dr. Saad irá coordenar um estudo internacional para medir essa relação. Cerca de 60 hospitais no mundo inteiro vão começar a recrutar pacientes nas próximas semanas. Aproximadamente 900 homens com câncer de próstata avançado vão participar do estudo.

Todos os envolvidos vão receber o que de mais avançado há para o tratamento do câncer. E, assim, vão continuar com a terapia convencional medicamentosa. A diferença é que metade deles vai seguir recomendações para a prática de exercícios físicos e a outra será orientada a praticar um outro programa de atividade, com base em treinamento intenso de curta duração.

Para entender os efeitos da atividade, amostras de sangue e de biópsias de músculos serão coletadas dos participantes.

De que maneira os exercícios podem ajudar?

A hipótese por trás do estudo é que a atividade física pode ter um impacto direto no câncer. Segundo especialistas, pacientes com câncer tendem a ter uma série de problemas associados à metástase –como fraturas e dores crônicas e é esperado que o exercício vai fortalecer ossos e músculos.

Ainda, outras pesquisas já delinearem que é possível que o exercício, da mesma forma que tem eficácia em condições como a diabetes, contribui para diminuir a progressão do câncer porque reduz os níveis de insulina no sangue. A insulina é capaz de estimular a multiplicação celular –e, portanto, também pode estimular tumores.


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