Uso recreacional de remédios para disfunção erétil. Isso existe?

Os remédios que facilitam a ereção foram seguramente uma das maiores invenções da indústria farmacêutica nos últimos anos. São chamados genericamente de inibidores da fosfosdiesterase tipo 5 e no mercado brasileiro existem cinco substâncias: sildenafila, vardenafila, tadalafila, lodenafila e udenafila. São medicamentos seguros que permitem que os pacientes com vários tipos de disfunção erétil ou impotência sexual consigam alcançar um desempenho sexual satisfatório.

Entretanto, atualmente o seu uso vem sendo feito por três tipos de homens. O paciente com problemas para conseguir ter ereção, homens normais que querem “turbinar” algumas relações sexuais, só usando os remédios eventualmente, e por homens que se sentem inseguros na hora da relação sexual, por exemplo, com uma nova parceira, e utilizam a medicação como uma espécie de doping para melhorar o desempenho.

Não temos estatísticas exatas sobre esse uso, que a meu ver foi chamado erroneamente de recreacional, pois se trata de uma prevenção contra a falha.  A grande pergunta é qual é o malefício deste uso. É importante saber que estas medicações são bastante seguras para a saúde e não causam uma dependência física, mas causam sim uma dependência psicológica. O homem começa a ficar com medo de tentar a relação sexual sem tomar o remédio antes e não arrisca mais.

Ilustração: Ingimage
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Muitos começam a usar a medicação sem nunca ter tido uma falha e o número de jovens que vem se utilizando deste artifício parece ser grande.

Recentemente, atendi um rapaz de 19 anos que queria parar de tomar esse tipo de medicamento. Havia começado a usá-lo na primeira relação sexual, aos 16 anos, pois tinha medo de não conseguir desvirginar a namorada na primeira relação de ambos. Desde então, não arriscava um encontro sexual sem estar medicado. Disse-me que os amigos transavam com um mesmo grupo de garotas e que se ele falhasse todos iriam ficar sabendo.

É claro que a dependência é psicológica e o caminho para trata-la é a psicoterapia, onde o indivíduo vai entender o porquê de sua insegurança e falta de confiança na sua capacidade sexual.

A ansiedade é o inimigo número um da ereção; o pênis fica no estado flácido porque produz uma pequena quantidade de um derivado da adrenalina. A adrenalina é o hormônio do estresse e quanto mais ansioso ou preocupado o homem estiver, maior será a quantidade desta substância no órgão sexual masculino e mais difícil será conseguir ou manter a ereção.

Os inibidores da fosfodiesterase tipo 5 facilitam a ereção e a percepção de que está se conseguindo manter o pênis ereto faz com que a ansiedade diminua. Por isso estes homens continuam usando os remédios.

Provavelmente muitos indivíduos tomam e vão continuar tomando estas medicações por muitos anos, sem preocupação com a dependência, mas é importante entender que está se combatendo a ansiedade e o medo de falhar de uma forma paliativa e que existem formas curativas de resolver o problema definitivamente, que é a psicoterapia. A resposta sexual é instintiva e se o homem estiver frente a uma parceira que o estimule, estiver sentindo prazer e não tiver medo de falhar, a ereção ocorrerá normalmente e se manterá até o final da relação sexual.

Entretanto, todos somos levados a pensar que devemos ser atletas sexuais, que devemos ter um desempenho  de super heróis em qualquer circunstância e com qualquer parceira. Assim, não há pênis que resista e a saída é mesmo se dopar.


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