Duas vacinas em teste contra o vírus Zika desenvolvidos na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, conseguiram proteger fetos de ratos das alterações neurológicas causadas pelo vírus – a “microcefalia”, como ficou conhecida primeiramente as anomalias no Brasil. O feito foi publicado na EBioMedicine, uma revista associada à Cell Press e ao The Lancet.
A estratégia foi fazer com que a imunidade da mãe chegasse ao filhote. Uma das vacinas utilizou uma microagulha para fornecer o princípio ativo logo abaixo da superfície da pele através de pequenos cristais que se dissolvem. A outra vacina utilizou um tipo de vírus da gripe – um adenovírus – modificado.
A pesquisa separou as cobaias em três grupos: um que recebeu a primeira vacina, outro que recebeu a segunda e um terceiro que recebeu uma solução salina sem o imunizante.
Exames de sangue foram realizados a cada duas semanas após a vacinação. A imunidade foi conseguida seis semanas depois com a vacina de microagulha e duas semanas depois com a vacina do vírus da gripe modificado.
Cinco semanas após a imunização as cobaias fêmeas foram acasalados com machos que não tomaram a vacina. Seus filhotes foram, então, infectados com o Zika. Os resultados foram os seguintes:
Quanto à sobrevivência:
– Na vacina com o vírus da gripe modificado, todos os filhotes sobreviveram à infecção;
– No imunizante com as microagulhas, metade sobreviveu;
– Apenas 12,5% dos ratinhos que receberam solução salina sobreviveram.
Quanto aos danos neurológicos:
– Na vacina com o vírus da gripe modificado, nenhum filhote apresentou problema neurológico significativo;
– No imunizante com as microagulhas, cinco apresentaram problemas neurológicos;
– Todos os ratinhos que receberam a solução salina apresentaram danos neurológicos, incluindo a perda de equilíbrio, fraqueza muscular e paralisia.
Embora a vacina do vírus da gripe alterado tenha funcionado muito bem nas cobaias, pesquisadores esclarecem que ela foi usada só para testar a potência do vírus modificado. O método não funcionaria em seres humanos. A grande maioria de nós “neutralizaria” a vacina porque já tivemos muito contato com o vírus da gripe. É como se o nosso sistema de defesa entendesse que “não precisa desenvolver anticorpo”.
Apesar de promissores, os testes foram feitos em cobaias e outros estudos são necessários para ver se a estratégia vai funcionar em humanos. Por enquanto, cientistas vão utilizar esse conhecimento obtido para tentar aumentar a potência do imunizante.
O aprendizado aqui, diz o estudo, é que a proteína utilizada para modificar o vírus da gripe mostrou potencial. O desafio agora está em fazer com que o corpo humano a reconheça.
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