Entidades médicas emitiram alerta esta semana para a adoção urgente de medidas de prevenção contra o avanço da sífilis congênita – quando a sífilis é passada da mãe para o bebê. A taxa entre gestantes aumentou de 3,7 para 11,2 a cada 1 mil nascidos vivos entre 2010 e 2015. A taxa de aumento, segundo o Ministério da Saúde, está em torno de 202%.
Em 2015, o País registrou em torno de 40 mil casos de sífilis congênita. As mortes provocadas pela doença também cresceram de forma expressiva, sobretudo no último ano – com a taxa de mortalidade de 7,4 casos para cada 100 mil nascidos vivos.
Os dados e o alerta estão em nota emitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Segundo as entidades, “as infecções provocadas por sífilis avançam no Brasil em um ritmo sem precedentes”.
Para conter o avanço, as entidades alertam que são necessárias a ampliação do acesso ao pré-natal e a formação de equipes multidisciplinares para assegurar cuidado integral à gestante. Também se faz urgente quantidades suficientes de medicamentos: a penicilina benzatina para tratar gestantes e seus parceiros e de penicilina cristalina para crianças com sífilis congênita. Ainda, é necessário que a gestante tenha acesso à exame para diagnosticar a doença.
Um outro ponto é a conscientização dos homens para buscar tratamento já que, em muitos casos, suas parceiras são (re) contaminadas após terapia. As entidades pedem também a elaboração de estudos para que se saiba o motivo exato do aumento da incidência.
O que é a sífilis e como ela passa de mãe para filho?
A sífilis é causada pela bactéria treponema pallidum, que é capaz de infectar qualquer órgão ou tecido. A bactéria entra no organismo através de pequenas lesões na pele ou pela corrente sanguínea. Por isso, uma das formas mais frequentes de transmissão é a relação sexual.
A doença é altamente contagiosa. Uma das formas mais frequentes de transmissão é o contato com feridas causadas pela doença no ânus, na vulva, na boca ou no pênis. Elas não ardem, não apresentam pus, não cheiram mal, mas permitem a disseminação da infecção. Com o passar do tempo, as feridas podem desaparecer, mas isso não significa que a pessoa está curada.
Meses depois da infecção pela bactéria, o indivíduo pode apresentar manchas na pele, principalmente nas mãos e pés. Se não for tratada, em alguns anos a sífilis pode afetar o sistema nervoso e o coração.
No caso da sífilis congênita, a condição é passada de mãe para filho por meio da placenta, mais comumente após o quinto mês de gestação. No limite, pode ocorrer abortamento. Também a sífilis pode levar ao retardo mental e dificuldades de aprendizagem, deformidades ósseas e problemas de visão em bebês.
Fontes: Fiocruz e Conselho Federal de Medicina
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