Mulheres são mais suscetíveis ao efeito placebo, o que pode beneficiá-las

Um estudo publicado no periódico “Biological Psychiatry” sugere que mulheres são mais inclinadas ao chamado efeito placebo. O fenômeno ocorre quando medicamentos que seriam inócuos para alguma enfermidade surtem algum efeito, ainda que sejam falsos como pílulas de açúcar. Pesquisadores há tempos tentam entender os mecanismos que estão por trás dessas reações. Um dos caminhos para aprofundar essa compreensão é percorrer a ação de hormônios no organismo que regulam o comportamento humano: a oxitocina e a vasopressina.

Ambos os hormônios estão envolvidos em diversos mecanismos no corpo, mas uma das ações mais nobres desses compostos é a que se dá via sistema nervoso central, mediando sensações como ansiedade, controle das emoções e memória. A oxitocina, por exemplo, já teve a sua relação avaliada no efeito placebo. Nessa nova pesquisa, porém, o papel da vasopressina no fenômeno foi observado e, por meio dele, os pesquisadores chegaram à conclusão de que as mulheres são mais suscetíveis.

O estudo mais aprofundado do efeito placebo é um campo promissor na ciência. Analgesia é um dos caminhos promissores. Foto: Ingimage
O estudo mais aprofundado do efeito placebo é um campo promissor na ciência. Analgesia é um dos caminhos promissores. Foto: Ingimage

Para chegar aos resultados, Luana Colloca, professora associada da University of Maryland e colegas do Instituto Nacional de Saúde e da Weill Cornell Medical College, recrutaram 109 participantes saudáveis para estudar a relação entre a vasopressina e o efeito placebo.

Os recrutados receberam choques elétricos com intensidade controlada, mas suficiente para gerar uma dor suportável. Eles, então, receberam quatro tipos de placebo: vasopressina, oxitocina, uma solução salina ou nenhum tratamento. Os participantes não sabiam qual tratamento estava sendo administrado, mas de alguma forma, os pesquisadores deram a entender aos pacientes que haveria efeitos positivos.

Após a análise, o estudo concluiu que o efeito placebo da vasopressina superou o de outros hormônios. Só que esse feito aumentado só foi observado em mulheres – não em homens. A pesquisa observou também que mulheres menos predispostas à ansiedade tenderiam a sentir mais os benefícios do efeito placebo na presença da vasopressina.


Placebo como tratamento

Placebos são medicamentos falsos usados em estudos clínicos para avaliar a resposta dos pacientes às medicações, terapias e outros tratamentos. Para isso, participantes de um estudo são divididos em dois grupos: o que recebe o medicamento “verdadeiro” e outro que toma o “falso”. A resposta clínica da droga será medida, subtraindo-se o “efeito placebo” registrado no outro grupo.

Parte dos cientistas, no entanto, têm mudado o foco da utilização desse efeito nos estudos e diz que ele deve ser usado com o intuito de tratamento – não somente para medir a eficácia do medicamento “verdadeiro”.

Um dos principais efeitos benéficos do placebo está justamente na capacidade de reduzir a dor. E foi justamente o que o estudo publicado no “Biological Psychiatry” demonstrou. Uma das contribuições da pesquisa, para além de analisar o efeito, é demonstrar que a vasopressina pode ser utilizada como um medicamento para dor, mesmo atuando por meio do chamado efeito placebo.

Referências

Vasopressin Boosts Placebo Analgesic Effects in Women: A Randomized Trial. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26321018


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