O fim do jejum antes do exame de colesterol

A maioria das pessoas detesta fazer jejum. Em geral, é sob protesto que são cumpridas horas sem alimento ou água antes de ir ao laboratório medir as frações do colesterol e triglicérides para monitorar o risco de problemas do coração e diabetes. Felizmente, a exigência acaba de ser abolida. No começo de dezembro, cinco grandes sociedades médicas lançaram um documento que orienta especialistas e laboratórios de análises clínicas a dispensarem o jejum de 12 horas para o exame das frações do colesterol no sangue e  do triglicérides, outra das gorduras do sangue.

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Jejum continua necessário para medir a glicemia (taxas de açúcar no sangue). Foto: Ingimage

O documento com a nova diretriz é assinado pelas sociedades brasileiras de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), de Cardiologia (SBC) de Análises Clínicas (Sbac), de Diabetes (SBD) e de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

A decisão foi tomada com base em dezenas estudos feitos na última década que convenceram os médicos de que a comida não afeta a capacidade preditiva dos testes de colesterol. 

O fim do jejum para os exames de colesterol já está em vigor em países como os Estados Unidos, Canadá e locais da Europa. Na verdade, o raciocínio é válido desde que a refeição siga padrões normais, sem a presença de gorduras em excesso.  A novidade deve ser implantada gradualmente no Brasil. 

Mais facilidade 

A nova medida pode aumentar a facilidade e a segurança para se submeter aos exames. “A dosagem após a refeição tem sido considerada mais segura para pacientes diabéticos, evitando os riscos de uma baixa da quantidade de açúcar no sangue (hipoglicemia) por causa do jejum prolongado. Também preserva idosos, crianças e gestantes de mal-estares associados à falta de alimento por horas seguidas”, diz o médico Carlos Eduardo Ferreira, diretor da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica.

Especialistas também acreditam que as medidas pós-refeição podem reforçar o potencial preventivo dos níveis de colesterol e triglicérides. É o que dizem alguns pesquisadores da Harvard Medical School, nos Estados Unidos. Para eles, como vivemos a maior parte do tempo alimentados, e não em jejum, fazer exames nessa condição produziria um retrato da fisiologia mais compatível com a realidade. Os estudos mais atuais também sugerem que é justamente quando o valor do triglicérides se mostra elevado ao ser colhido sem jejum (entre duas e quatro horas depois da refeição) que exibe o risco real cardiovascular.

Para a endocrinologista Maria Fernanda Barca, de São Paulo, o grande benefício prático dessa mudança será a diminuição no tempo de jejum de doze para oito horas. “Isso ocorrerá porque nós, médicos, não podemos deixar de pedir a dosagem da glicemia para avaliar as taxas de açúcar no sangue. E esse teste, muito importante para prevenir o diabetes e proteger o sistema cardiovascular, não pode ser feito sem as oito horas de jejum”, diz. 


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