Prazer do toque pode ser ainda maior para quem faz a carícia

Estudo investiga reações cerebrais de quem faz a carícia. Foto: Ingimage
Estudo investiga reações cerebrais de quem faz a carícia. Foto: Ingimage

Você já teve a impressão de que a pele dele ou dela é infinitamente mais suave ao toque do que a sua? Pois essa sensação pode ser um truque do seu cérebro, segundo pesquisadores da University College of London. Eles acreditam ter desvendado um mecanismo cerebral que produz esse tipo de percepção, mesmo que não corresponda exatamente à realidade (a sua pele pode ser muito mais macia) para estimular a formação de vínculos entre as pessoas por meio do toque.  

Pesquisas anteriores já haviam mostrado que o toque afetivo estimula o centro de recompensa do cérebro de quem recebe o afago. Mas o que os cientistas sugerem agora é que quem proporciona o toque pode se beneficiar até mais do que quem recebe. “Queríamos saber se existiam quaisquer benefícios para o prestador de toque”, diz a neurocientista Aikaterini Fotopoulou, principal autora do estudo publicado na edição de 10 de setembro da revista Current Biology. 

A resposta é sim. A equipe de Fotopoulou examinou o impacto do toque afetivo – aquele que provoca emoções – em seis experimentos feitos com duplas de voluntários. Eles pediram aos pares para se revezarem na posição de doadores e recebedores do toque. 

Os doadores tocaram braços e antebraços dos receptores em diferentes velocidades. Nesses testes, os participantes persistentemente classificaram a pele do outro como mais suave e agradável do que a sua própria. Mesmo que isso não seja verdade. “A ilusão da pele mais suave e aveludada revela um mecanismo automático e inconsciente pelo qual dar prazer é receber prazer no domínio do toque”, diz a neurocientista Fotopoulou. Esse fenômeno entra em cena quando as carícias são feitas de modo delicado e lento – o tipo de toque compartilhado na intimidade. “Isso fornece as primeiras evidências do nosso prazer sensorial em tocar os outros e, talvez, da motivação para fazê-lo”, diz a especialista. 

A ilusão de que a pele das outras pessoas é mais suave garante que estender a mão para afagar o outro trará uma recompensa independentemente do que o outro sente. Segundo os pesquisadores, essa ilusão gratificante atua como uma espécie de “cola social”. 

Tocar o outro desempenha um papel poderoso na vida humana, da infância à velhice, com efeitos benéficos sobre a saúde física e mental. É comprovado, por exemplo, que bebês prematuros se beneficiam muito do contato físico direto com as suas mães. Mas a teoria agora é que tocar um bebê de forma suave também dá à mãe um prazer imenso. 

O próximo passo dos cientistas é examinar os mecanismos neurofisiológicos envolvidos no toque afetivo. Os pesquisadores também estão curiosos para conhecer as diferenças que podem existir na experiência dessa ilusão de suavidade entre parceiros, amigos e estranhos. 

 


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