Status socioeconômico influencia risco de surgimento de câncer

Pesquisa da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, publicada no Cancer Epidemiology Biomarkers & Prevention mostra que o status socioeconômico é uma ferramenta importante para verificar o risco de cada população para o câncer. O grupo avaliou rendimento econômico, local de nascimento e prontuários para chegar aos resultados.

Foi analisada a geração que nasceu entre 1945 e 1959 para o estudo. Cientistas da Universidade de Rutgers, em Nova Jersey, e da Temple University, na Filadélfia, também participaram da pesquisa. Eles cruzaram informações sofisticadas como certidões de nascimento e óbito, histórico de internações e até dados da carteira de motorista para a pesquisa.

Crianças nascidas de pais com profissões de maior rendimento apresentaram maior risco para o melanoma (forma grave de câncer de pele) e câncer de próstata. As mulheres apresentaram maior risco de câncer de mama.

Bebês do sexo feminino nascidos em bairros mais pobres apresentaram maior incidência de câncer de colo de útero que os nascidos em bairros mais ricos.

Nos bairros mais pobres, homens enfrentaram menor incidência de câncer de próstata e ambos os sexos tiveram menor risco para o melanoma.

A relação do status socioeconômico com o câncer é uma das linhas de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, National Institute of Health, na denominação em inglês). A maioria dos estudos, no entanto, tende a incluir só a região de nascimento como dado – já que outras variáveis não estão tão prontamente disponíveis.

Com isso, acabam encontrando resultados mais genéricos e, mesmo assim, os estudos são poucos, apontam os pesquisadores, Sabe-se muito mais sobre como a pobreza ou a riqueza aumentam o risco para doenças cardiovasculares ou para doenças mentais, por exemplo.

Imagem tridimensional de células cancerosas. Fonte: Ingimage
Imagem tridimensional de células cancerosas. Fonte: Ingimage

As contribuições do estudo

Com esses dados, o estudo traz duas contribuições valiosas: a) aponta que o status socioeconômico é uma variável importante para a determinação do risco do câncer; b) revela que o risco é aumentado tanto para pobres quanto para ricos a depender do tipo de câncer.

Os achados também produzem questionamentos.  Afinal, o que eleva o risco do melanoma para os mais ricos? E o que faz com que mulheres tenham maior prevalência de câncer de útero entre os mais pobres?

Uma das surpresas do estudo foi esse risco aumentado de melanoma nos mais ricos. No texto do artigo, os cientistas arriscam uma hipótese: no caso específico de Utah, de onde veio a amostra, pessoas de renda mais alta tendem a ter um estilo de vida que as colocaria em maior exposição a raios solares – um fator de risco para melanoma.

Trata-se de uma especulação, por enquanto, e mais estudos são necessários. De modo geral, pesquisadores acreditam que as respostas a essas perguntas podem levar a políticas públicas capazes de interferir na maior prevalência nessas circunstâncias. A relação entre o câncer e o status socioeconômico, afirmam os pesquisadores, deve ser mais detalhadamente estudada – e também se a variável é importante para outras doenças crônicas. 


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