Tratamento da depressão pode diminuir prevalência de doenças cardiovasculares

Estudos que mostram ser a depressão um fator de risco para doenças cardiovasculares não são novos. Tanto que a Organização Mundial de Saúde cita a condição como relacionada à baixa expectativa de vida em pacientes sobreviventes. Agora, o que a ciência investiga é se o tratamento de sintomas depressivos pode mudar o prognóstico de um indivíduo em relação a doenças cardíacas. E tudo indica que sim.

Uma dessas pesquisas foi conduzida pelo Intermountain Medical Center Heart Institute, nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores do centro médico, o tratamento eficaz da depressão pode reduzir a chance de um acidente vascular cerebral, de insuficiência cardíaca, do infarto e até da morte de um paciente.

A depressão exerce influência no prognóstico de pacientes cardíacos. Foto: Ingimage
A depressão exerce influência no prognóstico de pacientes cardíacos. Foto: Ingimage

De acordo com o estudo, o tratamento eficaz para a depressão pode diminuir os riscos para o coração de um paciente ao mesmo nível que aqueles que nunca tiveram a depressão. A pesquisa foi apresentada neste mês no American College of Cardiology, em Chicago, um dos principais congressos mundiais da área.

“A principal conclusão do nosso estudo é: se a depressão não for tratada, o risco de complicações cardiovasculares aumenta significativamente”, disse Heidi May, Ph.D., epidemiologista cardiovascular do Intermountain Medical Center Heart Institute.

O estudo da equipe de Heidi analisou 100.000 prontuários presentes no instituto. Desse número, os pesquisadores selecionaram 7.550 pacientes que completaram pelo menos dois questionários de depressão ao longo de um a dois anos.

Esses pacientes, assim, foram classificados como “nunca esteve deprimido”, “não está mais deprimido”, “manteve-se deprimido”, e “tornou-se deprimido”. Após essa categorização, a equipe verificou se eles haviam tido problemas cardiovasculares, um AVC, enfarto ou até mesmo se chegaram a falecer.

Os que “mantiveram-se deprimidos” ou “tornaram-se deprimidos” tiveram 6,4% de risco de problemas cardiovasculares. Já os que “não estavam mais deprimidos” tiveram uma taxa de 4.6%, similar aos que “nunca estiveram deprimidos” (4,8%). A pesquisa comprovou que a depressão é um fator de risco (como já demonstrado em estudos anteriores) e também viu que o tratamento da condição deixa o risco para novos episódios similar ao de pacientes saudáveis.

“Esperamos que o estudo ajude pacientes e profissionais de saúde a se comprometerem mais com o tratamento da depressão “, disse Heidi. A pesquisadora enfatiza, entretanto, que mais estudos são necessários para que se consiga mapear integralmente qual tratamento para a depressão é mais eficaz nesses casos.


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