Brasileiro cria máquina de fazer água

Filtro tem capacidade para produzir até 5 mil litros de água potável por dia
Filtro tem capacidade para produzir até 5 mil litros de água potável por dia

Há pouco mais de duas semanas uma pequena fábrica em Valinhos, no interior de São Paulo, tem chamado a atenção da mídia e do público em geral. A razão: em meio a maior crise hídrica da história de São Paulo, um engenheiro brasileiro oferece uma máquina que produz água a partir do ar.

Tanta atenção desconcertou um pouco Pedro Ricardo Paulino, o inventor do Waterair. Atender a todos os pedidos de entrevista tem ocupado boa parte de sua agenda nos últimos dias. “Não esperávamos tanta visualização”, conta em entrevista ao iNOVA!Br.

A surpresa de Paulino se dá em parte pelo fato de que sua criação não atingiu o mercado agora, coincidentemente com a eminente escassez do recurso hídrico, mas sim em 2010, quando foi patenteada.

Paulino lembra que a ideia para o Waterair surgiu em meados dos anos 1990, quando trabalhava para uma empresa multinacional. Na época, o objetivo era desenvolver um sistema sustentável que alimentasse equipamentos de hemodiálise para regiões de difícil acesso a água potável, como alguns países do continente africano. “Você transportar água pura para hemodiálise em meio a Africa é uma coisa extremamente complicada. Inclusive, todas as pesquisas foram desenvolvidas lá e não aqui no Brasil”, conta o engenheiro.

No entanto, o projeto acabou sendo engavetado. “Em 1997 chegamos a conclusão de que tecnicamente era inviável. Os materiais que precisávamos para obter água potável não existiam, o desenvolvimento seria muito caro e os equipamentos muito grandes para fins de logística e o projeto acabou estacionado. Para comparação, em 1994 tínhamos o custo de 1 dólar por litro de água. Hoje, cada litro sai por 0,17 centavos”, explica Paulino, que lembra que o método para produzir água a partir da condensação do ar data existe desde os anos 1960. Porém, a notícia da produção em grande quantidade de água própria para consumo é novidade. “Não conheço nada similar no mundo”, defende.

Tecnologia patenteada

Basicamente, a Waterair só precisa de uma tomada para funcionar. A máquina conta com turbinas que sugam o ar para depois condensá-las num processo de alta eficiência. Uma série de filtros, doze no total, são responsaveis por tornar a bebida pura. “Temos filtros que removem desde a poeira do ar no momento em que está sendo condensado até passar por um processo de altíssima pressão que faz a purificação e a esterilização da água”, explica. Para ser consumida, a água recebe a adição de sais minerais.

Um dos desafios do engenheiro é baratear o custo das unidades da Waterair. A menor com capacidade para produzir 30 litros por dia custa cerca de R$6 mil. Já a maior delas, com capacidade para 5 mil litros diários sai por cerca de R$350 mil. A maioria das peças são importadas de diferentes países, entre eles Estados Unidos, China e França, soma-se a isso uma demanda ainda relativamente baixa, influenciam no preço alto de cada máquina. Segundo Paulino, a grande parte dos clientes são empresas privadas, entre restaurantes, laboratórios de medicamentos e hospitais.

O próximo passo da da fábrica de Valinhos, cidade onde Paulino também mora, é se preparar para atender a demanda de outros países. Entre os interessados, está Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes e, possivelmente, expandir a fábrica já que, em tempos de estiagem, o potencial da invenção de Paulino pode continuar o surpreendendo.


Comments

3 respostas para “Brasileiro cria máquina de fazer água”

  1. caro colegas se voce comprimir o ar a certa temperatura ele por si proprio condessara a agua . so tem um problema tera que usar um super compressor de capitação do ar e um reservatorio para pressurizar este ar e aquecer pelo menos 80° c

  2. Avatar de Fernando Leal
    Fernando Leal

    A um tempo atrás apareceu na mídia outro inventor de Minas Gerais chamado Norman Queiroga com um equipamento chamado h2o pure. Fazia basicamente a mesma coisa que esse equipamento do Pedro Ricardo Paulino só que sem adição de minerais. Soube que a empresa dele(ou de seu investidor) parou as atividades, parece que por motivos jurídicos, talvez por motivos de patente do produto. Espero que essa tecnologia possa se popularizar mais breve possível e usado de maneira correta por todos

  3. Avatar de José Carlos de Castro Rios
    José Carlos de Castro Rios

    Prezado engenheiro Pedro Ricardo Paulino, tomei conhecimento de seu invento que produz água extraída do ar. Sem dúvida esse invento apareceu num momento dramático da falta de água em diversas regiões do Estado de São Paulo, mas em todo o Brasil e pode resolver inicialmente o gravíssimo problema até ter condições de atender todo o Brasil. O governador Geraldo Alckimin preocupadíssimo com a situação pretende construir ligações com diversas represesas a fim de conduzi-las até a Represa Cantareira. Caso ele consiga aprovação dessa medida e começar a fazer todas as licitações e dar inicio as obras e se tudo correr sem empecilhos essas transposições somente elas ficariam prontas no mínimo, nas melhor das hipóteses daqui a dois anos, se depender disso todos nós ficaremos durante esse tempo sem água, até mesmos para dar a descarga nos vasos sanitários. Pior, essa medida é paliativa, não resolve definitivamente o grave problema, apenas ameniza. Pelo que eu entendi a sua máquina de produzir água é uma realidade a toda prova. A razão desta minha mensagem é saber: — Os senhores já entraram em contato com o governo do estado? Os senhores já receberam a vista de alguns técnicos do governo a fim de saber o comportamento das suas máquinas produtoras de água? Houve já algum entendimento entre os senhores e o governo a este respeito? Apesar de o seu invento ter sido amplamente divulgado pelos meios de comunicação eu ainda não fiquei sabendo de nenhum pronunciamento do governo do Estado de São Paulo, é lamentável.

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