Nos 85 de João Gilberto, considerações acadêmicas (e uma sentimental) sobre o “baiano bossa nova”

João Gilberto e Bebel Gilberto, sua filha com a cantora Miúcha, em apresentação na Rede Globo, em 1980. Foto: Arquivo pessoal / Bebel Gilberto
João Gilberto e Bebel Gilberto, sua filha com a cantora Miúcha, em apresentação na Rede Globo, em 1980. Foto: Arquivo pessoal / Bebel Gilberto

Nesta sexta-feira (10), recluso em sua cobertura no Leblon, no Rio de Janeiro, João Gilberto celebra a chegada de seus 85 anos ao lado da família.

A longevidade do “baiano bossa nova”, epíteto cravado por Tom Jobim, no entanto, não fez com que ele superasse a condição de artista seccionado entre o amor incondicional dos fãs e a incompreensão de quem rechaça a ideia de que em seu mundo inatingível e particular, expresso no canto sussurrado e na miríade harmônica dos acordes de seu violão, reside um dos gênios de nossa música popular.

Para dirimir essa contradição e prestar homenagem a João, reunimos a seguir leituras acadêmicas da relevância de sua obra e uma análise sentimental de um dos álbuns mais celebrados do cantor e compositor, o LP epônimo lançado por ele em 1973, afetuosamente tratado pelos fãs como “o álbum branco do João”.

Nos parágrafos abaixo, reunimos depoimentos de historiadores, como Walter Garcia e Marcos Napolitano, de teóricos musicais, como o maestro Julio Medaglia e o poeta Augusto de Campos, e de artistas da canção, como Caetano Veloso, Sílvio Caldas e Nelson Gonçalves.

Aos fãs, que há muito esperam boas novas do baiano, claro, reiteramos notícia já repercutida hoje em jornais como Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo: depois de um imbróglio judicial de décadas, devem ser relançados em breve quatro álbuns essenciais na discografia de João. Os títulos ainda não foram revelados, mas entre eles está confirmada a reedição de Chega de Saudade, o álbum de estreia do cantor e compositor, lançado em 1959, pela Odeon, que terá enfim a versão definitiva em formato digital, com qualidade de áudio aprovada pelo autor.

Leia a seguir excertos de textos que esmiúçam a importância de João Gilberto.  

“No Brasil, Machado de Assis está para o romance assim como João Gilberto está para a canção popular-comercial.”

“Tomarei um caminho em arco. Direi sem nenhum exagero: – Dentre todos, João Gilberto é o maior artista brasileiro com obra consolidada até o momento. O lugar que João Gilberto ocupa não se deve só à qualidade de seu trabalho artístico, deve-se ao material com que ele trabalha. É fácil reconhecer o valor estético da canção popular por aqui, sobretudo se não ignorarmos a vasta cultura brasileira de tradição oral, a qual abastece inclusive o mercado fonográfico de modo positivo e enviesado, constantemente. De passagem, não custa lembrar que também a tradição oral se abastece da canção comercial e que, no entanto, são bem diversos os sentidos de um mesmo elemento conforme ele participe da dinâmica dos meios tecnológicos de comunicação ou integre a cultua oral.”

“O entendimento da estética de João Gilberto altera o sentido de boa parte da canção popular brasileira, não só porque ele interpreta constantemente canções compostas antes de 1958 (por Ary Barroso, Dorival Caymmi, Herivelto Martins, Geraldo Pereira, Janet de Almeida, etc.), mas também porque se pode começar a gostar de João Gilberto ouvindo, por exemplo, Cartola ou Nelson Cavaquinho, assim como se pode começar a gostar de Cartola ou Nelson Cavaquinho ouvindo João Gilberto.”

“Ingenuidade, despojamento, funcionalidade, nitidez, distanciamento, racionalidade são alguns critérios estéticos que indicam a participação da lírica do cancionista em uma das linhas da arte moderna; desse ponto de vista, não seria forçado aproximar o trabalho de João Gilberto do Carlos Drummond de Andrade de Alguma Poesia. Já o caráter religioso do artesanato do cancionista, bem como a atmosfera de verdadeira devoção de seu público, parece indicar que a lírica de João Gilberto leva adiante a ‘magia romântica’. Não só ao vivo como em disco, João Gilberto atrai e suprime qualquer distância interpessoal ao estabelecer um ‘estado de solidão’ e, de modo depurado, expressar um ‘estado d’alma’. Pois o que João Gilberto propõe ao ouvinte é uma conversa cantada, melancólica ou em tom de intimidade.”

Walter Garcia, em excertos de Brasileiro Melancólico e Cordial, Porém Moderno (ou: um baiano de Juazeiro na zona sul carioca, entre “Chega de Saudade” e “Por Que Tudo é Tão Triste”), ensaio compilado no livro O Brasil dos Gilbertos, Notas sobre o pensamento (musical) brasileiro, de Heloísa de Araújo Duarte Valente e Ricardo Santhiago (organizadores), Editora Letra e Voz (2011).

“Dentre as características revolucionárias da Bossa Nova, uma das mais essenciais foi seu estilo interpretativo, decididamente anti-operístico. João Gilberto, e depois dele tantos outros – na esteira, é verdade, de uma tradição detectável na velha guarda (Noel Rosa, Mário Reis) – adotaram um tipo de interpretação discreta e direta, quase falada, que se opunha de todo em todo aos estertores sentimentais do bolero e aos campeonatos de agudos vocais – ao bel canto em suma, que desde muito impregnou a música popular ocidental (o exibicionismo operístico leva à criação de zonas infuncionais e decorativas na estrutura melódica), a própria evolução dos meios eletroacústicos, tornando desnecessário o esforço físico da voz para a comunicação com o público, induziram a essa revolução dos padrões de conduta interpretativa. E foi ela, ao lado das novas e inusuais linhas melódicas e harmônicas da Bossa Nova, a responsável pelo mal-entendido que cantores super-afinados como João Gilberto não tinham voz ou eram “desafinados”, tema glosado por Newton Mendonça numa das mais importantes letras-manifesto do movimento. Esse estilo, entretanto, pela própria virada de 180° que representava no estágio da música brasileira, não era facilmente comunicável. Mesmo depois do sucesso extraordinário nos Estados Unidos, o número de consumidores da bossa nova continuou reduzido, embora já estivesse consolidada a sua posição, a princípio tão negada e combatida inclusive pelos próprios remanescentes da velha guarda, intérpretes e críticos.”

Augusto de Campos, em Da Jovem Guarda a João Gilberto, artigo publicado em 1966, no livro Balanço da Bossa, Editora Perspectiva.

“Esse ‘baiano bossa nova’, na expressão de Jobim, pessoa de pouca prosa, provocaria, com sua manifestação musical, diferente, introvertida, as mais espetaculares polêmicas que já se realizaram em torno da música popular em nosso País. ‘É música? Não é música?’; ‘É cantor? Não é cantor?’, ‘É samba? Não é samba?’; ‘É autêntico? Não é autêntico?’. Ele próprio jamais se preocupara com todas essas perguntas e muito menos com as respostas. Sua mensagem musical, porém, fora em muito pouco tempo, compreendida e assimilada e o conteúdo dessa mensagem seria também o marco divisor de águas. (…) Definindo toda uma estética de rigor, clareza e condensação máxima de elementos, João Gilberto propunha, numa de suas poucas composições conhecidas, a trilha exata da autêntica bossa nova: como que a chamar a atenção para o fato de que, no momento, criativamente, o mais importante em música é tocar menos e fazer-se ouvir mais, o ‘baiano bossa nova’ lançava sua equação ‘rara e clara’ que parece sempre válida e merece ser meditada por quantos se dedicam conscientemente à criação de uma música em progresso. Nada melhor do que terminar com ela; sem mais, estas considerações: ‘Bim bom. É só isso meu baião. E não tem mais nada não’”.

Julio Medaglia, em Balanço da Bossa Nova, artigo publicado em 1966, no livro Balanço da Bossa, Editora Perspectiva.

“Mas mesmo no Rio de Janeiro o Movimento foi mal recebido. Como cidade epidérmica, extrovertida e carnavalesca por natureza, ela considerou inicialmente essa música quase como um crime de lesa-samba. Entrincheirados no Beco das Garrafas (Rua Duvivier, em Copacabana), seus cultores, maldosamente chamados de ‘filhinhos de papai’ que faziam música a partir de modelos ‘alienígenas’, não se intimidaram e tentavam criar vínculos com sua geração, pois a MPB da época era para os ‘coroas’. Um primeiro armistício surgiu quando alguns monstros sagrados da época sentaram-se no chão e cantaram com a molecada, não economizando elogios à alta qualidade daquela música. Ary Barroso, Maysa, Elizeth e Mário Reis foram alguns deles.”

Julio Medaglia em Da Bossa Nova ao Tropicalismo, artigo publicado em 1988 no livro Música Impopular, Global Editora.

“Sinatra estava cantando baixinho, como a Bossa Nova exigia. Tão baixo que não podia ser ouvido fora das paredes daquele estúdio. Enquanto isso, na rua, em Ipanema, os sons eram outros: uma babel de protestos, durante os festivais, brigas por primeiros lugares e por altos prêmios em dinheiro, vaias e violões voando sobre auditórios, pouca música e muita discussão. A Bossa Nova sentindo-se fora de casa, pegou seu banquinho e seu violão e saiu de mansinho. Felizmente tinha para onde ir.”

Ruy Castro, em excerto do último capítulo de Chega de Saudade, Cia das Letras (1990), onde avalia a herança da revolução iniciada por João Gilberto e seus pares.

“O texto de contracapa que Tom Jobim escreveu em Chega de Saudade (o primeiro álbum de João Gilberto) é talvez o melhor que já se produziu no Brasil. À sua maneira, ele foi informativo, revelador e até profético naquelas 13 linhas. Os contemporâneos podiam não entender muito o que ele dizia, mas estava tudo ali. ‘João Gilberto é um baiano bossa nova de 27 anos’, começava Tom. Era uma das referências à Bossa Nova no disco (a outra estava na letra de Desafinado), embora a expressão ainda fosse levar alguns meses para pegar. E continuava: ‘Em pouquíssimo tempo influenciou toda uma geração de arranjadores, guitarristas, músicos e cantores’. Para os primeiros compradores desavisados de Chega de Saudade, em abril de 1959, parecia um exagero. Como era possível que um cantor, de quem mal se ouvira falar, já tivesse influenciado ‘toda uma geração’? Mas, por incrível que aquilo parecesse, era verdade.”

Ruy Castro, em Chega de Saudade, Cia das Letras (1990).

“Quantas vezes ouvi dizer que o Brasil cansou de ser o País do futuro, ou que o Brasil era o País do futuro, mas o futuro já chegou, já passou e o Brasil ficou aqui. O otimismo evidente da Bossa Nova não é tolo – e é por isso que ela nem sequer nos parecia otimista quando estávamos à beira de mergulhar no tropicalismo. O otimismo da Bossa Nova é o otimismo que parece inocente de tão sábio: nele estão – resolvidos, provisória, mas satisfatoriamente – todos os males do mundo. De tal otimismo podemos dizer, lembrando Nietzsche mesmo, que é trágico. O cenho cerrado da esquerda festiva parece sério quando é apenas bobo. O Tropicalismo sempre quis estar à altura da Bossa Nova: eu vivo repetindo que o Brasil precisa chegar a merecer a Bossa Nova.”

Caetano Veloso, em palestra, proferida no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1993), sobre o legado de João e da Bossa Nova.

“Ao deslocar a perspectiva pela qual o músico deveria se apropriar da técnica e dos gêneros consagrados, João Gilberto abriu espaço para uma nova leitura da tradição: a reorganização da história musical do País e a busca dos novos procedimentos de criação e interpretação por parte daqueles que se dispusessem a prosseguir na busca da inovação. Em resumo, iniciava-se um novo processo de institucionalização da música popular brasileira, que tensionava dois tempos da história do samba – antes e depois da Bossa Nova. O primeiro, aquele vigente na primeira institucionalização desse gênero, ocorrido entre os anos 1920 e 30. O segundo, que se iniciava com a Bossa Nova e se concluiria no final da década de 1960. Os dois momentos foram acompanhados de um profundo processo de reorganização da sociedade brasileira como um todo, que acabou transformando o ambiente e as idéias sociais na antena privilegiada das mudanças sociais e socioculturais que estavam em jogo.”

Marcos Napolitano, em “Já Temos Um Passado”: Quarenta anos do LP Chega de Saudade (João Gilberto, 1959), compilado no livro João Gilberto, organizado por Walter Garcia (Cosac Naify, 2012).   

Veja abaixo galeria de fotos publicadas em perfil sobre a cantora Bebel Gilberto (leia a reportagem na íntegra)

João Gilberto por Silvio Caldas e Nelson Gonçalves / Silvio Caldas e Nelson Gonçalves, por João Gilberto, em reportagem da revista O Cruzeiro, de 10.9.1960, compilada em João Gilberto (Cosac Naify, 2012).

“João é ótimo cantor. Tem muito ritmo, muito afinado, apesar de cantar desafinado. Canta na escola de Mário Reis. Ótimo seria se criasse algo, pois tem qualidades para isso.”
Sílvio Caldas

“Não é de mim dar opinião sobre colegas. Fico vexado, não tenho jeito. Tenho receio de cometer injustiças: ou elogiando, ou fazendo restrições. Mas vou fazer uma exceção na minha mania boca de siri com relação ao João Gilberto. Farei ao mesmo tempo esforço para arrancar alguma sinceridade lá de dentro. Acho que João Gilberto é um grande cantor. A única exceção positiva do grupo da Bossa Nova musical. Lamento que João não tenha tido o lugar que merece sob a lua. Seu valor ainda não foi reconhecido, em termos de popularidade.”
Nelson Gonçalves

“Eu sei que minha opinião será tida como esquisita e provavelmente dissonante. Mas eu sou naturalmente assim. Acho que os cantores devem sentir a musica com estética, senti-la em termos de poesia e naturalidade. Quem canta deveria ser como quem reza: o essencial é sensibilidade. Música é som. E som é voz, instrumento. Baseado nessa maneira de ver a música, a voz, digo que Sílvio Caldas não me toca. Já pensava assim quando era criança, portanto mais puro para julgar. Já o Orlando Silva (ah, o Orlando antigo), que naturalidade! Que expressão! Que filigrana! E o Nelson Gonçalves? Uma voz de talento, grande voz. Mas… sim, mas… sem sensibilidade. Só excelente ‘toilette’, sem a alma comum das coisas.”
João Gilberto

A reconciliação com o Brasil por meio do “álbum branco” do João

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Capa do álbum “João Gilberto”, lançado pela Polydor em 1973. Foto: Divulgação / Polydor

 

Há cerca de 20 anos, antes mesmo de ouvir Chega de Saudade (1959), o clássico álbum de estréia de João Gilberto, fiz a primeira audição do LP epônimo lançado pela Polydor em 1973 (o décimo da discografia do baiano, contando álbuns autorais, coletâneas e parcerias, como os álbuns feitos a quatro mãos com Stan Getz e Herbie Mann).

Para um jovem que, havia pouco, tinha capitulado o interesse obsessivo pelo rock estrangeiro e passava a descobrir a dimensão arrebatadora de nossa música popular, escutar as dez canções do álbum foi experiência divisora. Duas décadas mais tarde, milhares de audições depois, como a reiterar a beleza intacta do trabalho, o “álbum branco do João”, como é tratado o LP pelos fãs mais apaixonados, ainda é um dos meus discos de cabeceira. Sem hesitar, posso afirmar que, em vinil (aliás, reproduzo aqui capa, contracapa e selos do meu exemplar), CD (formato da primeira audição), no tocador de MP3 do meu carro e em canais de streaming, ouço as dez faixas do LP ao menos uma vez por semana.   

Gravado em Nova York, João Gilberto é um elogio a polifonia que pode nascer de soluções minimalistas – claro, quando a decisão é tomada por gigantes, como é o caso do patrono da Bossa Nova. O LP conta “apenas” com o violão e a voz de João, a participação de Miúcha – então mulher do baiano, que faz coro com o marido na canção Izaura, de Herivelto Martins e Roberto Roberti – e a síncopa sutil do baterista Sony Carr, que ao longo do disco ornamenta as melodias e as harmonias de João com vassourinhas que percorrem a pele da caixa e os pratos de condução e ataque, para reiterar dissonâncias, frases e repetições hipnóticas, como as que permeiam os seis minutos e quarenta segundos de Undiú.

Com 53 anos de “vida”, ouça e constate, Undiú exala um frescor inabalável, mas foi escrita há mais de 50 anos. Sua gênese deu-se em 1963, ocasião em que foi lançada a trilha sonora do filme Seara Vermelha. Assinada pelo maestro Moacir Santos, outro gigante, a trilha inclui a composição Lamento de Vicente, uma parceria entre João e o conterrâneo Jorge Amado, autor do romance que inspirou o filme do diretor italiano Alberto D’Aversa. Neste excerto de áudio do filme, onde é cantada Lamento de Vicente, é possível perceber a estrutura harmônica, melódica e rítmica de Undiú.

Desconheço o significado, mas há quem diga que “undiú” é um mero neologismo de João. Há também quem afirme tratar-se de um pássaro típico de Juazeiro, terra natal do baiano. Teoria menos convincente, uma vez que buscas no Google não fazem a menor associação com qualquer espécie de ave às três vogais e duas consoantes. Mistérios a parte, a dimensão transcendente de Undiú, a meu ver, pode ser comparada a audição de uma faixa emblemática de outro álbum com capa branca, Tomorrow Never Knows, canção que encerra Revolver, o LP de 1966 dos Beatles.

E o que dizer da versão de João para Águas de Março, que abre o LP?! Leonard Feather, decano da crítica de jazz norte-americana, certa vez mensurou Tom Jobim como um dos maiores compositores do século XX justamente por ele ter escrito essa canção. Depois de ouvir a versão de João, Feather certamente faria um adendo para afirmar que, perdoe o maestro Tom e Elis Regina, essa é a releitura definitiva da canção.

Sem o mesmo status, mas também memoráveis, as outras seis versões reunidas em João Gilberto são de arrepiar: Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso; Avarandado, de Caetano Veloso; Falsa Baiana, de Geraldo Pereira; Eu Quero Um Samba, de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida; Eu Vim da Bahia, de Gilberto Gil; É Preciso Perdoar, de Carlos Coqueijo e Alcivando Luz. Fecha a lista de dez temas outra bela canção de João, dedicada a Bebel Gilberto, sua filha com a cantora Miúcha, intitulada Valsa (Como São Lindos os Youguis) (Bebel).

Àqueles que ainda não tiveram o prazer de ouvir o álbum, uma boa introdução é escutar as dez faixas na íntegra por meio do Youtube.   

MAIS

Leia também Anatomia de um Disco, reportagem exclusiva de Ruy Castro para Brasileiros, capa da edição 9, sobre os bastidores de Getz/Gilberto, álbum que tornou a Bossa Nova fenômeno mundial. 

Sobre a perenidade do LP, dois textos compilados em livros publicados recentemente também dimensionam a relação afetiva desperta por João Gilberto. A seguir, leia excertos de ambos.   

“Como definirmos aquilo que um disco como esse significa e virá a significar para nós no decorrer do tempo, à medida que vai se infiltrando nos ritmos do nosso ser, até chegar a morar no ouvido interno e fazer-nos ressoar na nossa totalidade humana, corpo e alma”

David Treece, brasilianista, que leciona no King’s College de Londres, em No Avarandado do Amanhecer: o tempo suspenso em João Gilberto (1973), artigo publicado no livro João Gilberto, organizado por Walter Garcia e publicado pela Cosac Naify em 2012.

“Quantas vezes a minha reação possível foi começar de novo e ‘reouvir’ esse disco genial, que conheci aos 17 anos e nunca mais parei de escutar. Com o álbum branco de João Gilberto, eu encaro qualquer engarrafamento, desde os que nos perturbam nas ruas todos os dias até os mentais. Pois não há cabeça com um mínimo de musicalidade que não se deixe levar pela música deste álbum genial de um grande artista, em um momento de total maturidade artística e criativa. E que, talvez, ainda tenha assunto para mais 40 anos de escuta”

Juca Filho, compositor e arranjador, no artigo O Álbum Branco do João, publicado no livro 1973 – O Ano que Reinventou a MPB, organizado por Célio Albuquerque (Sonora Editora, 2013).


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