Rogério Sganzerla on-line: nos 70 anos do cineasta, veja dez filmes

Rogério Sganzerla e Helena Ignez em ensaio da revista "Manchete". Foto: Antônio Guerreiro.
Rogério Sganzerla e Helena Ignez em ensaio da revista “Manchete”. Foto: Antônio Guerreiro.

Nesta quarta-feira (04), o diretor Rogério Sganzerla completaria 70 anos. Morto em 2004, em decorrência de um câncer no cérebro, ele marcou a história do cinema brasileiro, na transição dos anos 1960 para os 70, com o movimento que ficou conhecido como Cinema Marginal, que tem como um dos marcos seu longa-metragem de estreia O Bandido da Luz Vermelha, de 1968.  

Reunindo talentos como Sganzerla, Julio Bressane e Andrea Tonacci o movimento eclodiu em meio ao ambiente nebuloso da ditadura pós-AI 5. Em um encontro casual, no Festival de Cinema de Brasília de 1969, Bressane e Sganzerla se conheceram pessoalmente. Em janeiro de 1970, eles criaram a produtora Belair Filmes. Sganzerla defendia um cinema “livre e péssimo” e, ao unir-se a Bressane, autor de clássicos como O Anjo Nasceu e Matou a Família e Foi ao Cinema, levou o propósito de inquietar a plateia às últimas consequências.

Em quatro meses, foram calados pela conclusão dos militares de que, por trás da produtora, havia a disposição de levar adiante a clássica sentença do “anormal em busca da verdade”, o Bandido da Luz Vermelha: “Quando não se pode fazer nada, a gente avacalha – avacalha e se esculhamba”.

O curto período de vida da Belair foi marcado por compulsão criativa. Rogério dirigiu três filmes: Copacabana, Mon Amour, Sem Essa, Aranha e Carnaval na Lama. Bressane assinou outras três fitas: A Família do Barulho, Cuidado, Madame e Barão Olavo, o Horrível.

Rodado a seis mãos em Super 8, A Miss e o Dinossauro foi dirigido por Sganzerla, Bressane e Helena Ignez, ex-mulher de Glabuer Rocha e companheira de Sganzerla até sua partida. Multifacetada em papeis de mulheres fatais, como a Janete Jane, de O Bandido…, e Ângela Carne e Osso, de A Mulher de Todos, Helena atuou em todos os filmes da Belair. 

Em junho de 1970, com o cerco fechado do então presidente, o general Médici, Rogério, Júlio e Helena, exilaram-se em Paris levando as latas que continham esses filmes. Em 2009, a filha de Júlio, Noa Bressane, lançou o documentário Belair, com a co-direção de Bruno Safadi. O filme reacendeu as discussões sobre a importância da produtora em meio a um ambiente de sucateamento do cinema.

Em junho de 2010, foi a vez do Itaú Cultural, em São Paulo, ser tomado pela Ocupação Rogério Sganzerla, mostra de filmes e exposição de objetos pessoais, roteiros e documentos do diretor. A exposição reiterou o espírito impetuoso, anárquico e independente de Sganzerla, que produziu filmes de baixo-custo em tempo recorde e deixou lições perenes para as novas gerações de cineastas do País.

 


ROGERIO SGANZERLA EM 10 FILMES
Aos que desconhecem a filmografia do diretor nascido em Joaçaba, em Santa Catarina, selecionamos a seguir dez filmes que estão disponíveis para ser vistos online em canais de streaming. São curtas e longas-metragens ficcionais e documentários.  

Documentário
(1966)

O Bandido da Luz Vermelha (1968)

História em Quadrinhos (1969)

A Mulher de Todos (1969)

Sem Essa, Aranha (1970)

Copacabana, Mon Amour (1970)

Abismu (1977)

Nem Tudo é Verdade (1986)

Isto é Noel Rosa (1990)



O Signo do Caos
(2003)

 


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