Luta contra o efêmero

Aberta em 11 de agosto na sede do Itaú Cultural, a sétima edição do projeto Ocupação é dedicada à artista plástica gaúcha Regina Silveira. Aluna do mestre Iberê Camargo, Regina despontou em meados dos anos 1960 e vem legando uma obra prolífica e multimídia. Filiou-se a diferentes escolas e apropriou-se das mais diversas formas de expressão. Do figurativismo expressionista, do início da carreira, ao racionalismo que o sucedeu, Regina partiu para Porto Rico em 1969, onde passou também a atuar como educadora e rompeu com a produção artesanal, em detrimento de processos modernos e industriais de reprodução. Uma carreira de constante evolução, marcada pela obsessão por estudos de escalas e perspectivas, que chega às impressionantes intervenções arquitetônicas, surgidas a partir dos anos 1980.

Com curadoria da própria Regina, sua Ocupção apresenta 10 maquetes, reproduzindo importantes intervenções realizadas por ela ao redor do mundo, durante os anos de 2004 e 2007. A ideia de reproduzir a magnitude de obras como Derrapagens (2006) ou Lumen – que ocupou o Palácio de Cristal, do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em 2005 – em pequenas maquetes, viabiliza a pretensão da artista de afrontar o que chama de “aflição de efemeridade”. Mesmo em escala reduzida, é impossível não ficar impactado com a arte produzida por Regina e a solução das maquetes atende a esse anseio de perenidade.

Após a rica experiência acadêmica e artística em Porto Rico, Regina voltou para o Brasil em 1973 e fixou-se em São Paulo. De 1974 a 2000, lecionou na Escola de Comunicação e Artes (ECA) e formou gerações de alunos. A ambígua paixão pela capital paulistana sempre esteve presente em suas obras. A vida mecânica e opressora das grandes metrópoles é objeto de reflexão frequente em sua produção: “O público está acostumado a ver poucas coisas minhas expostas na cidade, mas nesta noite pude oferecer muito. Uma experiência muito carinhosa e gratificante, pois tem a ver com a relação cada vez mais estreita de meu interesse pela arquitetura. Diversas intervenções minhas aconteceram em São Paulo. Minha relação com o urbano sempre foi muito forte”, disse ela a ARTE!Brasileiros, no coquetel de abertura da exposição, que fica aberta para visitação até 2 de outubro.


Itaú Cultural – São Paulo
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Até 2 de outubro de 2010
De terça a sexta, das 9 às 20 horas. Sábados, domingos e feriados, das 11 às 20 horas


Marcelo Pinheiro é jornalista da Brasileiros Editora


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