Seleção de escritores da Colômbia

A Penguin, editora tão poderosa que pode ser comparada à Fifa, também vem fazendo seleções literárias, mas de escritores, não de livros. Pra efeitos de comparação, resolvi adotar o mesmo critério, assim posso fazer também algumas críticas.

Por exemplo, na seleção brasileira, jamais colocaria o Paulo Coelho, muito menos de meia-armador, ao lado de Euclides da Cunha e Guimarães Rosa. Chega a ser gozação, apesar do clamor popular. Também não colocaria o grande Lima Barreto. Ele seria um dos maiores, se quisesse, mas detestava futebol, que considerava um esporte elitista (e, de fato, em sua época, era não apenas elitista, como racista, o que explica sua birra).

Mais ou menos seguindo meu post anterior, eu iria de Clarice no gol, Fausto Wolf e João Antônio na zaga; os laterais seriam Nelson Rodrigues na direita e Antonio Callado na esquerda; meias: Guimarães, Machado e Drummond; e no ataque Reinaldo Moraes e Bernardo Carvalho.

Já meu escrete colombiano entraria em campo com Garcia Márquez vestindo a dez e organizando o jogo com o poder de sua imaginação. Ao seu lado, no meio, Héctor Abad Faciolince, que tem um livro magnífico lançado aqui, A Ausência que Seremos, sobre o pai assassinado, e uma das pessoas mais doces e inteligentes que já conheci, e a experiência de Alvaro Mutis, Prêmio Cervantes.

Para o ataque, contaria com a juventude de Juan Gabriel Vásquez, autor do incensado O Ruído das Coisas ao Cair, e Andrés Caicedo, um dos escritores mais originais da Colômbia, infelizmente não traduzido por aqui, e que morreu muito prematuramente, aos 25 anos.

Goleiro? Quem? Essa é sempre a posição mais difícil de escolher, dado o equilíbrio da Copa. Na dúvida, vou pelo nome. Xará do goleiro de facto, o poeta e ensaísta William Ospina parece a melhor opção. Para a defesa, fecho com os laterais Laura Restrepo e o sensacional Fernando Vallejo, que a Penguin ignorou, e os zagueiros Jorge Isaacs, poeta de peso, que foi, inclusive, soldado, o que o torna especialmente eficiente nessa posição, e, mais uma vez pelo nome (devo admitir que meu conhecimento da literatura colombiana não chega a onze autores), verdadeira barreira humana, o poeta e romancista Candelario Obeso.

Confira também a Seleção Brasileira de Livros.


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