Trump não perdoa: demite

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Largado por homens brancos com ensino superior e mulheres de modo geral, Donald tem de voltar a conquistá-los. Foto; Reprodução

Agora vai! Donald Trump deu nova chacoalhada em seu comitê de campanha à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano. Trata-se da terceira mexida à la “The Aprentice” – seu programa televisivo – em que o que mais se ouvia era “Yourefire” (“Você está demitido”, com sotaque do Queens de Nova York). Saiu agora Paul Manafort – chefe de campanha – que é acusado de receber verba ilegal do governo deposto ucraniano, algo como US$ 12 milhões — e organizar manifestações pró Rússia. São acusações graves que podem levá-lo aos tribunais. No lugar do defenestrado entrou uma turminha da pesada que já mostra serviço.

A cabeça da campanha agora é Kellyanne Conway, a primeira mulher a chefiar uma campanha republicana na história. Ela é esperta, experiente, tem ideias que dão certo e superarticulada. Com sua conversa bem poderia ser capaz de vender crucifixo no Estado Islâmico. E já chegou mudando completamente o discurso do candidato. Donald foi à Milwaukee, num comício depois de tumultos em protesto pela morte de mais um homem negro pela polícia. Pregou lei e ordem — para uma plateia caucasiana — e, para pasmo geral, se disse arrependido de ter feito certas malcriações (não especificou quais). Pediu desculpas, o que nunca se ouviu sair daquela boca. Leu direitinho no teleprompter um texto bem preparado, atacando Hillary e fazendo propostas de política econômica e social.

No dia seguinte emendou num comício na Carolina do Norte, apelando para afrodescendentes votarem nele. “O que vocês ganharam nos últimos anos? 58% de seus jovens estão desempregados. Por que diabos não dar uma chance a algo novo. Por que não votar em Trump?”, disse.

Na verdade, o candidato não estava tentando alavancar votos de negros — menos de 1% diz que votará nele. Estava apelando às donas de casa republicanas que fugiram de seu curral assustadas com sua retórica. Largado por homens brancos com ensino superior e mulheres de modo geral, Donald tem de voltar a conquistá-los. Só com homens brancos sem educação superior, o republicano perderia de lavada. A jogada da fala aos afro-americanos não é mais nada do que uma tentativa de mostrar um lado soft. Para brancos.

E foi nessa balada que ele desembarcou no Estado da Louisiana, afundado pelas enchentes que desabrigaram dezenas de milhares de pessoas e mataram 15. Foi lá para uma foto de oportunidade, descarregando gêneros de um caminhão. Mostrou-se o contraste com o Barack Obama que estava de férias em Martha´s Vineyard, em Massachusetts. O presidente somente faria inspeção do dilúvio no dia 23. A explicação para esse retardamento é conhecida: em caso de desastres semelhantes, os presidentes americanos demoram um pouco para pousar no local: sua presença desvia recursos humanos da tarefa imediata de socorro. Mas quem vê isso? Aos olhos do povo, Obama estava na sombra e com água fresca, bem longe.

Todas essas manobras, simples, mas necessárias e corretas colocam novo fôlego na candidatura Trump. Ainda é cedo para saber que efeitos produziram, mas o caminho só pode ser esse. E Kellyanne é a responsável. Caso ela houvesse ocupado o cargo meses antes, talvez o republicano estivesse com a eleição no bolso.

Já o outro contratado é o estrategista de campanha. Stephen Bannon. Deste Coffee Party tratará em outra oportunidade, pois há tanto o que dizer sobre ele, um próspero militante da direita ultrarradical, que daria para se escrever um livro. Basta anotar que ele não está quieto e cospe marimbondos de fogo.

 

 


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