Boleiros no banco

Em 16 de agosto de 2006, Dunga dirigiu a seleção brasileira pela primeira vez, em um amistoso contra a Noruega. Com o recente vexame na Copa de 2006, o empate por 1 a 1, em Oslo, já foi o bastante para que começassem a reclamar sobre a escolha do ex-jogador, que até então nunca havia treinado qualquer equipe.
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Um ano depois, ainda sob o olhar suspeito dos milhões de técnicos espalhados pelo Brasil, Dunga enfrentou sua primeira prova de fogo: a Copa América. Depois da derrota na estreia para o México (2 a 0), a seleção foi pegando forma e acabou sendo campeã do torneio. Depois, mais resultados expressivos, como o título da Copa das Confederações, em 2009, e o primeiro lugar nas eliminatórias da Copa de 2010.

Dunga venceu a desconfiança e agora entra na Copa da África do Sul até com o respaldo do torcedor que, perante os números do treinador, foi obrigado a dar o braço a torcer e a torcer pela seleção. Foram apenas cinco derrotas em 53 jogos à frente da seleção principal, mais uma derrota com a seleção olímpica, totalizando seis derrotas em 61 jogos. Números acima da média.

Apesar dos números, o brasileiro é um povo difícil de agradar quando o assunto é futebol e unanimidades em nossa história são raríssimas. Dunga poderá entrar em um seleto clube, caso vença a Copa do Mundo de 2010. Muito mais, o técnico poderá se transformar em unanimidade mundial, sendo o terceiro profissional da história a ser campeão como jogador e depois como técnico. Mário Jorge Lobo Zagallo, campeão como jogador em 1958 e 1962 e como técnico em 1970, e Franz Beckenbauer, que levantou a taça em 1974, em campo, e em 1990, no banco, foram os únicos a alcançarem tal feito.

Assim como acontece com sua carreira de técnico, quando jogava, Dunga nunca foi uma unanimidade. Ele só começou a figurar na seleção principal do Brasil quando tinha mais de 25 anos. Em 1990, na Itália, foi considerado o grande responsável por uma das piores campanhas do Brasil em Copas do Mundo, no que ficou conhecido como a “Era Dunga”. Carlos Alberto Parreira assumiu a seleção e resolveu bancar a permanência do volante. Fez mais: escolheu Dunga para ser o capitão da equipe na Copa de 1994, depois de Raí, o então dono da braçadeira, ser substituído por Mazinho no decorrer do torneio. O casamento foi perfeito. Tanto Dunga quanto a equipe brasileira estavam desacreditados para a torcida e, com muita raça e determinação, deram a volta por cima e levaram a Copa do Mundo daquele ano. Em 1998, Dunga também foi o capitão da equipe que perdeu na final para a França.

O outro técnico que tem chance de ser campeão em campo e no banco é Diego Armando Maradona. O melhor jogador da história do futebol argentino e um dos melhores do mundo já esteve em quatro Copas do Mundo: 1982, 1986, 1990 e 1994. No auge de sua carreira, Maradona comandou a Argentina ao segundo título de sua história, no México, no ano de 1986 e, em 1990, conseguiu levar o time ao vice-campeonato do torneio. Em 1994, uma despedida melancólica e polêmica da maior festa do futebol, ao jogar apenas duas partidas e ser suspenso após ser pego no exame antidoping.

Como técnico, Maradona ainda não mostrou o brilhantismo que o consagrou nos gramados e, se o tombo na África do Sul for muito feio, pode colocar em risco sua reputação, até então inabalável na Argentina. Nas eliminatórias para a Copa, Maradona teve dificuldades para montar a equipe e conseguir a classificação com tranquilidade. A Argentina conquistou a quarta vaga somente na última rodada, com vitória sobre o Uruguai, por 1 a 0, em Montevidéu. Apesar de ter talentos como Messi e Tevez, o time argentino é uma grande incógnita na África. Será fiasco ou glória.

Apesar de serem os únicos campeões do mundo como jogadores, Maradona e Dunga não são os únicos técnicos que já desfilaram de chuteiras pelos gramados das Copas. Vladimír Weiss, técnico da Eslováquia, jogou pela extinta Tchecoslováquia na Copa de 1990, na Itália, e chegou até uma respeitável quartas de final. Ricki Herbert é outro que entrou para a história de seu país, a Nova Zelândia. Ele será o único a estar presente em todas as participações neozelandesas em Copas do Mundo: em 1982, como jogador, e em 2010, como técnico. O mexicano Javier Aguirre e o dinamarquês Morten Olsen são os outros dois técnicos que já entraram em campo e agora vão comandar as seleções de seus respectivos países. Em campo, eles participaram da mesma edição de Copa, no México, em 1986.

Vamos ver como se saem os ex-jogadores à beira dos campos africanos.

MAIS:
– Página especial da Copa do Mundo de 2010 no iG
Site oficial da Copa do Mundo de 2010


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