O afastamento do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, deixou a equipe do vice-presidente Michel Temer preocupada com uma eventual retaliação do deputado afastado. Após a decisão do STF, os aliados de Temer alardearam que ele estava aliviado com a notícia, pois sua aliança com Cunha já estava afetando negativamente a imagem de sua eventual gestão.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, parlamentares ligados a Cunha elaboraram uma nota de solidariedade ao presidente afastado da Câmara e mostrou o texto a Temer. O vice, segundo a Folha, disse que era um assunto interno da Câmara e que preferia não se meter. Deputados da oposição (PSDB, DEM, PPS, PSB) já abandonaram abertamente a defesa do deputado e divulgaram uma nota exigindo novas eleições.
Esse alívio inicial da equipe de Temer com a queda de Cunha logo começou a dar lugar à preocupação sobre o que o deputado pode fazer caso se sinta abandonado pelos aliados: eles sabem que provocar um homem como Cunha pode trazer consequências funestas.
O senador Jorge Viana (PT-AC) disse nesta quinta-feira (5) na Comissão de Constituição e Justiça do Senado que a decisão do Supremo deixa o deputado mais próximo de uma delação premiada: “Se Eduardo Cunha decidir ser delator, ele será o maior delator e vai enterrar a nova República, o governo Temer”.
Fora do comando da Câmara, a situação de Cunha na Justiça só tende a se agravar. Aliados do deputado temem que ele seja preso. Segundo o jornal paranaense Gazeta do Povo, a mulher e a filha do deputado devem ser denunciadas pela força-tarefa da Operação Lava Jato como beneficiárias dos recursos desviados pelo deputado.
“Aqui em Brasília tem muita gente com medo. Cunha já havia dito que se caísse iria levar muita gente junto. Uma delação premiada dele iria atingir muita gente. Nos corredores, o clima entre os aliados dele é muito tenso. Estamos todos atônitos ainda e as lideranças estão discutindo o que fazer”, disse o deputado Helder Salomão (PT-ES).
Os parlamentares mais próximos a Cunha acreditam que, na situação atual, talvez a melhor medida fosse emplacar alguém de seu grupo na presidência da Casa, como André Moura (PSC-SE), Jovair Arantes (PTB-GO) ou Rogério Rosso (PSD-DF). Apesar disso, o afastamento do presidente da Câmara já enfraqueceu a sua defesa no Conselho de Ética. O presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou na quinta que, após a decisão do STF, o colegiado “respira mais aliviado” e o processo de cassação do peemedebista agora poderá tramitar “sem sobressaltos”.
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