Justiça derruba mais um defensor do impeachment de Dilma

O deputado Wladimir Neto discursa em defesa do impeachment - Foto:  Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
O deputado Wladimir Neto discursa em defesa do impeachment – Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados

O deputado federal Wladimir Costa (SD-PA) teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) em julgamento realizado nesta sexta-feira (8). Por unanimidade, o deputado foi condenado por uso de caixa 2 e por ter omitido o gasto de R$ 410 mil na prestação de contas da campanha em 2014. Costa ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral.

A cassação foi pedida pelo procurador regional eleitoral do Pará, Bruno Valente, baseado em pareceres técnicos do TRE que apontaram o abuso de poder econômico na sua eleição. O tribunal concluiu pela existência de gastos não registrados na prestação de contas da campanha de 2014, em um total de R$ 410.800 mil, além de constatar indícios de falsidade em documentos.

Wladimir Costa foi um dos deputados que mais se empenharam na aprovação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT). Ele estourou um rojão de confetes durante seu discurso em defesa do impeachment e depois voltou a usá-lo quando votou a favor do afastamento.

Até o mês passado, Wladimir era um dos integrantes da tropa de choque de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara. Mas, quando percebeu que o conselho iria aprovar o pedido de cassação do peemedebista, mudou de lado e também votou pela punição ao deputado. Depois justificou sua decisão dizendo que “fatos novos”, como a multa de mais de R$ 1 milhão aplicada a Cunha pelo Banco Central por não declarar bens no exterior, tinha sido decisivos nessa reviravolta.
 
Dos deputados que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff, 58% enfrentam algum questionamento jurídico. As ações estão em diversas instâncias e vão desde crimes eleitorais até processos de má gestão do dinheiro público e corrupção. 

Vários deputados que defendiam o “fim da corrupção” já tiveram suas reputações abaladas pelas decisões do Judiciário. O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), principal articulador do impeachment, foi afastado do seu cargo pelo Supremo Tribunal Federal em 5 de maio e acabou renunciando à presidência da Câmara. Agora, luta para evitar sua cassação no plenário.

Durante a votação do impeachment, a deputada Raquel Muniz (PSD) e o deputado Caio Nárcio (PSDB) enalteceram a honestidade e a honradez de seus familiares, mas acabaram sendo surpreendidos pouco depois. O marido de Raquel, o atual prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, foi preso no dia seguinte à votação, acusado de fraudes em licitações de saúde. O mesmo aconteceu com o pai do tucano Caio Nárcio: Nárcio Rodrigues foi detido acusado de desviar dinheiro público na gestão do programa de águas em Minas Gerais da Fundação Hidroex. 

Outro defensor da moral que viu um de seus parentes sofrer um revés dias depois de votar pelo impeachment de Dilma foi o deputado Felipe Maia (DEM-RN). Ele exaltou o respeito à Constituição e disse que votou pelo povo que ocupou as ruas do país pedindo mudanças. Cinco dias depois do pedido do deputado, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, ordenou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de seu pai, o senador Agripino Maia (DEM-RN).


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