Mais mortes por uso exagerado de benzodiazepínicos preocupam os EUA

Cientistas dizem que é necessário reduzir prescrição de benzodiazepinas. Foto: Ingimage
Cientistas dizem que é necessário reduzir prescrição de benzodiazepinas. Foto: Ingimage

Uma das atuais preocupações das autoridades de saúde dos Estados Unidos (EUA) é conter as mortes por medicamentos derivados do ópio e controlar melhor a prescrição de analgésicos como o OxyContin. Mas há uma outra classe de drogas lícitas que está levando cada vez mais gente à morte – os remédios benzodiazepínicos e, segundo pesquisadores, deveria merecer igual atenção dos governo. A revelação foi feita na semana passada por pesquisadores da Albert Einstein College of Medicine, Health System Montefiore e da Escola Perelman de Medicina da Universidade da Pensilvânia.

O estudo feito nos EUA aponta que a taxa de morte por overdose envolvendo benzodiazepínicos subiu mais de quatro vezes desde 1996. “É um problema de saúde pública que estava fora do radar, nas sombras”, disse o principal autor do trabalho, Marcus Bachhuber, professor assistente de Medicina da Albert Einstein College e do Montefiore.

Benzodiazepínicos são uma categoria de medicamentos indicados para casos de ansiedade, transtornos de humor, insônia e outras condições relacionadas ao sistema nervoso central. Fazem parte desse grupo o diazepam (nome comercial Valium), o clonazepam (nome comercial Rivotril), o bromazepam (nome comercial Lexotan), o alprazolam (nomes comerciais Xanax, Apraz, Frontal ou Victan), entre outros. 

Segundo os pesquisadores, as prescrições das benzodiazepinas, como são chamadas, aumentaram em cerca de 30% entre 1996 e 2013, o período coberto por seu levantamento. Estima-se que, por ano, um em cada 20 adultos nos Estados Unidos assina uma prescrição para obter o remédio e tomá-lo.  A ansiedade foi o motivo em 56% dessas prescrições.

“As overdoses de benzodiazepinas têm aumentado em ritmo muito mais rápido do que as prescrições. Mostra que as pessoas estão tomando o remédio de forma cada vez mais arriscada com o passar do tempo”, explica o médico.Uma das maneiras de ter overdose, além de tomar o medicamento em excesso, é misturá-lo com analgésicos ou álcool e outras drogas.

Em 2013, a benzodiazepina foi responsável por 31% das 23 000 mortes por uso abusivo de drogas prescritas nos Estados Unidos. Para descobrir essa relação, os pesquisadores examinaram os dados de 1996 a 2013 de duas fontes: o Medical Expenditure Panel Survey e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

O que a análise dos dados revelou:
– O número de adultos que compram benzodiazepinas aumentou 67% em 18 anos. Subiu de 8,1 milhões de prescrições em 1996 para 13,5 milhões em 2013
– Os analgésicos opióides estão presentes em 75% das mortes por overdose que envolvem as benzodiazepinas

– A taxa de morte por overdose durante o mesmo período aumentou de 0,58 por 100.000 adultos em 1996 para 3,14 mortes por 100.000 adultos em 2013, uma elevação de mais de quatro vezes.

Mas quais seriam os fatores que contribuem para o aumento das mortes por overdose de benzodiazepínicos ? “A maior quantidade prescrita aos pacientes sugere uma maior dose diária ou mais dias de tratamento “, disse a autora sênior Joanna Starrels, professora de Medicina na Einstein e do Montefiore.

Starrels também discute outras possíveis razões para o aumento das mortes com participação da benzodiazepina. “Uma outra possibilidade é a obtenção de benzodiazepinas desviadas, sem indicação de prestadores de serviços médicos. Sabemos que a combinação desses remédios com álcool ou drogas, incluindo analgésicos opiáceos, pode levar a overdoses fatais”, alerta a médica. 

“Uma maneira óbvia para melhorar a segurança das pessoas seria reduzir a indicação e o seu uso desses medicamentos”, disse o co-autor do estudo Chinazo Cunningham, MD, MS, professor de Medicina Familiar e Social da escolar Einstein e chefe adjunto da divisão de medicina interna do Montefiore. 

“Esta epidemia é quase inteiramente evitável. Como a razão mais comum para indicar benzodiazepínicos é a ansiedade, sabemos que ela pode ser tratada de forma eficaz e com muito mais com segurança com terapia psicológica”, disse Sean Hennessy, professor de epidemiologia na Escola de Medicina de Perelman de Penn e mais um co-autor do estudo. 

 

 


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